Sumário
– O inconsciente é a política
Eduardo Vidal
– D’Escola (a) escola – um percurso
Rita Martins
– Efeitos de uma política
Benita Losada A. Lopes, Rossely S. M. Peres
– Na permanência, h(a) efemeridade
Marcia Jezler, Miriam Chor
– O ideal e suas sombras
Leticia Balbi, Cristiane Marques Seixas
– Laço social no cartel
Dalmara Marques Abla
– A propósito do trágico
Evelyn Disitzer, Paula Strozenberg
– Algumas considerações sobre a lógica do fantasma
Milvia Martins Melo Barbosa
– A política de S1
Ana Lucia Zacharias, Licia Magno Lopes Pereira
– Reflexões em torno de uma aspiração irrealizável: a felicidade
Maria da Penha Simões
– Do indecidível e da verificação
Myriam R. Fernández
– Um novo modo de laço social
Maria Cristina Ferraz Coelho
– Passagens
Leila Mariné da Cunha Guimarães
– Política e Psicanálise: o real que nos interroga ou ‘Se a psicanálise estivesse advertida disso’
Elisa Arreguy Maia, Graça Araujo Curi,
Jeanne D’arc Carvalho, Lícia Mara Dias
– Uma questão com o (nome do) pai
Francisco José Bezerra Santos
– O Nome-do-pai e o futuro da psicanálise
Silvia Disitzer
– O poder dos impossíveis: Marx, Freud, Lacan
Noêmia Santos Crespo
– Marx leitor de Lacan
Clara de Góes
– Noli tangere matrem
Claudia de Moraes Rego
– Freud e o “Diamante de subversão” da ética ou Do imperativo de gozo à voz do supereu
Daniela Menaged
– Políticas e crimes em Maquiavel
Flavia Gallo, Isabela Dantas, Julio Mafra, Lia Amorim
Apresentação
A psicanálise sustenta uma ética diferente daquela que alimenta outros discursos. Isso tem efeitos em sua política, quer seja a política que se exerce em uma Escola, a política traçada na direção da cura, no decorrer de uma análise, ou a política implicada na psicanálise em extensão, no mundo.
O inconsciente inaugura um discurso absolutamente novo. Não inventa o laço social mas faz com que os laços sociais existentes possam ser interrogados a partir desse saber.
A realidade é perpassada pelo trabalho do inconsciente apresentando-se na forma de uma estranheza do encontro com o Real. Para Freud não é suficiente constatar o caráter insólito de um acontecimento (Ereignis), é necessário retomá-lo pela via de um escrito.
Seguindo esse trilhamento inaugurado por Freud, publicamos a revista da Escola Letra Freudiana, número 44, Política e psicanálise – Efeitos d’Escola, trazendo o que alguns produziram como efeitos do laço com a Escola.
Começamos com os trabalhos em que o tema é a Escola, a formação e a transmissão. Como nos diz Lacan, na Proposição de 9 de outubro de 1967, encontramos na experiência psicanalítica, tomada na intensão, a única base possível para motivar uma Escola. Nos deparamos, portanto, com os artigos que abordam a psicanálise em intensão.
Lacan propõe a figura do oito interior como o nó da extensão com a intensão. Tendo a extensão como horizonte se faz um corte que enlaça aquilo que vem da intensão e o relança na Escola. Na psicanálise, o plano projetivo é o espaço topológico obtido pelo trabalho de Escola.
Prosseguimos com trabalhos que colocam a psicanálise em extensão como discurso no mundo. A subversão trazida por Freud marca a impossibilidade da felicidade no seu “não-bem estar” (Unbehagen) na civilização. Por estabelecer um discurso que se confronta, de modo irredutível, ao Real, a psicanálise tem o que dizer na esfera dos discursos de sua época e seus enganos: a religião, a ciência etc.
Por fim, é possível pensar passagens, mesmo que estreitas, para que algo dos efeitos da experiência analítica possa se escrever no mundo. Que o discurso analítico possa traçar a via para que, do sintoma, o ser falante elabore sua lógica.
P. de S.
P.S.