capa-home

N° 25 - Objeto e tempo da psicanálise

Diversos

Freud, a partir da clínica, vai dar um fundamento ao tempo enunciando-o como um dos pontos importantes “para o começo da cura analítica”. Em...

R$ 22,00

Sumário

Parte I – Objeto e Tempo

Conferência: Tempo próprio, tempo global e a formação do horizonte
Mário Novello
Flecha do tempo
Maria Elizabeth Timponi de Moura
Estrutura e tempo
Renato R P de Carvalho
Ato e tempo
Helson Ramos
O dique e o tempo
Marcos Medeiros
O tempo “mítico” em Freud ou o resgate impossível da origem
Claudia Moraes Rego
Na hiância Freud-Lacan: inconsciente, tempo e objeto
Simone Pencak
Adolescência – tempo do adolescer
Arlete Garcia
Tempo e objeto na melancolia
Urânia Tourinho Peres
Diferenças entre intersubjetividade e intersignificância. Onde estamos?
Isabel Martins Considera
O corpo afetado
Ana Lucia Zacharias e Rossely S M Peres
Tempo e objeto na angústia: estrutura, função e fenomenologia
Elizabeth Tolipan
Inibição
Maria Helena Chevitarese
Zulmira Barreto de Moraes
Tempo de corte, tempo de costura – uma escrita em dois tempos
Dulce Duque Estrada
Sandra R Felgueiras

Parte II – Objeto, Tempo e Topologia

Conferência: Topologia e tempo
Carlos Ruiz
Objeto e tempo: o desejo do analista
Silvania Del Carrilo Cury
A lógica do tempo e o objeto do desejo
Maria Inêz F L de Figueiredo
Uma estrada que sobe é a mesma que desce
Analuisa Teles de Oliveira
Nem antes, nem depois… em ato
Aurélio Souza

Parte III – Clínica

Conferência: Interrogando os tempos da psicanálise
Marie-Claire Bonns-Grafé
Tradução: Analucia Teixeira Ribeiro
Nunca pensei que isso pudesse me acontecer alguma vez! – Reflexões sobre o tempo e o objeto
Alicia Hartmann
Tradução: Paloma Vidal
O tempo e a criança
Yolanda Mourão Meira
O tempo de prescindir d’Isso
Maria Islai Lira de Gusmão
Angústia, objeto e tempo na análise de uma adolescente
Dalmara Marques Abla
Elza Maria Soares Gouvêa
O tempo lógico e a relação de objeto na clínica
Edna Barroso Sarmento
Biossujeitação: temporalidade e clínica
Carlos Eduardo Estellita Lins
Tempo e transferência
Maria Lessa de Barros Barreto
Autismo: objeto e tempo
Ilana K G Valente
Vera Vinheiro Brandão
O tempo e o hiato do tempo
Nilza Ericson

Parte IV – Conexões

Tempo e objeto na ciência, na psicanálise, na filosofia
Célio Garcia
A psicanálise e seu tempo
Noêmia Santos Crespo
A questão do sujeito na ontologia fundamental de Martin Heidegger
Pedro Rabello Erber
Tempos na ciência, na arte e na psicanálise: um recorte
Beatriz Elisa Siqueira
No espaço e tempo de metáforas e metonímias
Maria da Penha Simões
Os mundos impossíveis de Escher
Giselle Falbo
Gadgets: objetos tecnológicos tamponando o desejo
Ana Maria Augustinis
Tempo e desejo em La tentative amoureuse
Paloma Vidal
O tempo do desejo
Lia Amorim
O crime das irmãs Papin – O tempo do espelho
Zilda Fabris
Mário e o tempo de matar
Denise Maurano
O maníaco do parque – o tempo do crime
Sheila Bierrembach

Apresentação

Freud, a partir da clínica, vai dar um fundamento ao tempo enunciando-o como um dos pontos importantes “para o começo da cura analítica”. Em seu texto de 1913 ,”Sobre a iniciação do tratamento”, afirma que anteriormente a dificuldade (resistência) era mover os pacientes a perseverar. “Esta dificuldade se me deslizou há muito tempo: agora tenho que empenhar-me, angustiosamente, em constrangi-los a cessar.” Este dito marca o passo de Freud em relação a seu ato, algo se impõe, fazer um corte. Nessas condições, introduz na experiência analítica uma temporalidade, que vem de fora, que vem de outro lugar, ao aparelho. Por outro lado, dirá que as alterações anímicas só se consumem com lentidão, devido a atemporalidade de nossos processos inconscientes. Mais adiante, ao introduzir as postulações:

“dentro do isso não se encontra nada que corresponda a representação do tempo, nenhum reconhecimento de um decurso temporal, nenhuma modificação, nenhuma transformação do processo anímico no transcurso do tempo. (…) As moções de desejo como também as impressões recalcadas se comportam como acontecimentos novos. Só é possível discerni-las como passado pela operação analítica”

nos conduz a verificar que a operação analítica, pelos seus efeitos de corte, possibilita uma retroação do tempo; retroação esta em que o passado, sustentado pelo desejo, faz eco no presente.

Diante deste paradoxo enunciado por Freud, que fala de uma atemporalidade no inconsciente e, ao mesmo tempo, aponta para uma estrutura temporal, podemos afirmar que a questão do inconsciente é o tempo. A experiência analítica é a experiência do tempo.

O que Freud teoriza é que o tempo da análise é contável na sequência, na frequência ou na duração. Ele é feito de escansão, um cessar que não é sem objeto. O objeto incide na particularidade do sujeito, introduzindo uma torção determinante do tempo na experiência analítica.

Cessar é um verbo expressivo na temporalidade. Ele está presente nas quatro modalidades da lógica de Lacan: o impossível é o que não cessa de não se escrever, o necessário é o que não cessa de se escrever, o contingente é o que cessa de não se escrever e o possível é o que cessa de se escrever. Uma análise é feita de instantes, o instante é o tempo do sujeito. Possível, necessário… pára, reenvia… uma ondulação sustentada em uma modulação. Mas o cessar se articula também a um ponto de finitude que é um tempo singular para cada um.

O tempo é o tempo de fazer, de saber fazer ali com o sinthoma, saber fazer ali com a topologia, que não passa pela representa-lo. Há algo, ali, do objeto, que resiste e dá outra experiência.

Por ser a questão do objeto e do tempo essencial na constituição de um saber, a Escola Letra Freudiana promoveu, em setembro de 1998, o Colóquio Objeto e Tempo da Psicanálise. O nosso propósito foi fazer colocar em interlocução o saber do analista com outros saberes produzidos em diferentes campos da experiência reafirmando, desta forma, o compromisso da Escola com a extensão, vale dizer, com a sustenta-lo de laços de trabalho com o campo psicanalítico e com outros domínios de saber.

Uma suspensão do tempo. Opera-se um hiato num entre-dois temporal: o tempo da leitura dos trabalhos e o tempo do recolhimento da produção escrita. Implica-se aí a elaboração desta publicação: mais uma de uma série.

L.A.A.

Outros títulos

+ Veja todas as publicações

0
    0
    Sua cesta
    Cesta vaziaRetornar