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N° 45 - mãe menina mulher – nomes do feminino

Dviersos autores

Esta publicação traz textos e escritos trabalhados pelo Núcleo de Investigação Clínica Han$ que, nos últimos anos, orientou seu ensino na Escola Letra Freudiana...

R$ 45,00

Sumário

– A organização genital infantil (Uma interpolação na teoria sexual)
Sigmund Freud (tradução: Anna Beatriz Medici)
– Conferência 33 – A feminilidade
Sigmund Freud (tradução: Renato R. P. de Carvalho)
– A lei da mãe – Ensaio sobre o sinthoma sexual
Geneviève Morel (tradução: Renato R. P. de Carvalho)

.:: Mãe menina mulher ::.

– A mãe não é uma mulher
Ana Lucia de Souza
– Uma dimensão da mãe na experiência analítica
Maria Cristina Vecino Vidal
– Maternidade, função materna e feminilidade
Vera Vinheiro
– O vínculo pré-edipiano
Leila Neme
– Antecedentes da sexualidade feminina
Eduardo Vidal
– Uma certa perversão…
Benita Losada A. Lopes
– Feminilidade: invenção permanente?
Licia Magno Lopes Pereira
– É suficiente que ela conte
Sergio Becker
– Dissimetria significante
Cristiane Laquintinie Amaral
– A menina e o falo: a escrita de uma leitura
Anna Beatriz Medici
– As marcas no feminino
Celia Nudelman
– A realidade de devastação
Daniela Goulart Pestana
– Entre mãe e filha: quando os semblants vacilam
Malvine Zalcberg

.:: O dizer na clínica ::.

– Unboxing Helena
Mauricio de Andrade Lessa
– Entre “retalhos, miçangas e fios” – ‘como ela se torna’?
Letícia Nobre
– Uma mulher engolida
Nélida Halfon (tradução: María José Estevez Acuña)
– Do discurso da eficiência à efetividade do discurso: entrevistas preliminares de uma menina
Mônica Coutinho Herszage
– O que quer uma mãe?
Ana Claudia Vieira Vaz
– Uma menina e sua mãe
Simone Aziz
– “Cantada”
Elisa Carvalho Oliveira

.:: O autismo, uma reflexão… ::.

– ‘Indiferença’: um significante para o autismo?
Cacilda Vieira Bruni
Ilana Valente
Licia Magno Lopes Pereira
Rossely Peres
Vera Vinheiro
– A estátua e o corpo da letra – Construções, nominações e manejos de objetos topológicos em um adolescente
Claude Garneau (tradução: Analucia Teixeira Ribeiro)
– “… um caçador do deserto”
Benita Losada A. Lopes

.:: … consultem os poetas ::.

– Sonata de outono
Andrea Bastos Tigre
Maria Cristina Vecino Vidal
– A teta assustada – uma leitura sobre o !lme
María José Estevez Acuña
– Criança, desejo e gozo – Um percurso em torno da constituição do sujeito
Iara Barros

Apresentação

Esta publicação traz textos e escritos trabalhados pelo Núcleo de Investigação Clínica Han$ que, nos últimos anos, orientou seu ensino na Escola Letra Freudiana entorno da questão do feminino.

Nas primeiras formulações psicanalíticas sobre essa delicada questão, houve um acirrado debate acerca da função do falo no caminho do ‘tornar-se mulher’. Dois textos de Sigmund Freud foram traduzidos do alemão especialmente para esta publicação: “A organização genital infantil”, de 1923, e “A feminilidade”, de 1932. O primeiro traz o início da questão freudiana entorno do falo enquanto a conferência de 1932 contém uma elaboração mais precisa sobre o feminino. Freud não só considerava que a feminilidade constitui um enigma, como também esperava que as analistas mulheres pudessem revelar pontos opacos da constituição da menina, sobretudo no que tange ao laço mãe-filha. Poderíamos nos perguntar se as di!culdades que os analistas
encontraram nos primórdios da psicanálise não seriam inerentes à própria questão do feminino.

Propomos mãe menina mulher – nomes do feminino para abordar a diversidade desse saber que provém de uma inscrição não-toda da mulher em relação ao falo. A feminilidade traz a marca de uma divisão entre mãe e mulher, e a menina localiza-se a partir dessa hiância sem tamponá-la. Desde o discurso analítico, a divisão pode ser interrogada e, ao confrontar-se com a complexidade do devir mulher, é possível produzir um saber que introduza um novo valor na dimensão da falta. A questão do feminino apresenta-se para Freud como guia ante a qual é necessário não recuar, avançando no seu deciframento com as marcas dos restos da experiência analítica.

Nesta publicação contamos também com a tradução da Introdução do livro da psicanalista francesa Geneviève Morel, A lei da mãe, um texto importante para abordar a opacidade do real que perpassa o laço da mãe. Essa lei da mãe “é feita de palavras enodadas ao prazer e ao sofrimento, ou seja, ao gozo materno, que são transmitidas à criança desde sua mais tenra idade e se imprimem para sempre em seu inconsciente, modelando fantasmas e sintomas”. Geneviève Morel pergunta-se como a criança pode se separar de sua mãe de outro modo e se subtrair a sua lei, que a encadeia, algumas vezes, pela vida toda, deixando sempre uma marca decisiva.

As discussões sobre o autismo testemunham através dos casos clínicos a fixação a esse gozo que não faz laço questionando, radicalmente, a ideia de uma possível relação de objeto do bebê com sua mãe. Que a psicanálise continue avançando na prática clínica com o autismo é uma aposta na Escola Letra Freudiana em um momento preciso, no Brasil e no mundo, em que a ciência
pretende confinar o autismo a causas genéticas para preservar-se do horror, como marca do impossível, que o gozo introduz no saber.

Também foram incluídos nesta publicação relatos de casos clínicos, pois consideramos que a partir da experiência psicanalítica se constrói um saber que traz a marca de sua incompletude. A aposta do analista é fazer aparecer o lugar do sujeito, o que implica em localizar a função do objeto no discurso, precisando, em cada momento, o laço social que vigora. O dispositivo analítico é o lugar para o sintoma falar e, desse modo, constituir-se como um saber não muito extenso, porém, dos pontos cruciais da realidade sexual do inconsciente.

Outros escritos são efeito de um trabalho articulado ao cinema, a filmes que têm um dizer sobre esses pontos obscuros do laço da menina com a mãe e da complexidade do sexual no ser falante. Sonata de outono, do diretor sueco Ingmar Bergman, revela, em sua dimensão mais real, o desencontro essencial e a turbulência na relação da menina com a mãe. Enlaçadas pelo signi!cante outono, as imagens vão se sucedendo, articulando desde a crueza do real à dimensão imaginária e simbólica. Minhas mães e meu pai, filme americano cujo título original é The Kids Are All Right, confronta o analista com o campo de uma legalidade, hoje em processo de reformulação, no que tange à união dos sexos e sua repercussão na criança. O que se observa é como a estruturação do sujeito independe do sexo biológico dos pais, não se tratando de uma questão de gênero masculino ou feminino. A teta assustada, !lme peruano de Claudia Llosa, permite escutar no canto de Fausta e de sua mãe a transmissão de um mito, o real da passagem ‘de menina à mulher’ e o ponto crucial da incidência da função paterna.

O feminino abre ao real da impossibilidade da relação entre os dois sexos. O analista opera com o nó borromeano e, portanto, trabalha na direção de reduzir o sentido. Não se trata, então, de encontrar em mãe menina mulher signi!cações ou deciframentos daquilo que já está escrito, mas de fazer os cortes e enodamentos necessários para escrever [.

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