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N° 23 - A Criança e o Saber

Diversos

Esta publicação foi organizada a partir dos trabalhos apresentados no Colóquio A Criança e o Saber*. O encontro constituiu-se como um lugar de interlocução...

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Sumário

Parte I – O Saber Inconsciente

Geleitwort zu “Verwahrloste Junged” von August Aichhorn
Sigmund Freud
Prefácio à “”juventude abandonada” de August Aichhorn
Sigmund Freud
Tradução: Eduardo Vidal
O saber inconsciente: seu lugar no discurso analítico
Maria Cristina V. de Vidal
Algumas reflexões a partir do texto de Freud sobre as teorias sexuais infantis
Brigitte Lemérer
Tradução: Analucia Teixeira Ribeiro
Um outro saber
Eduardo A. Vidal
“De onde vem os bebês?” Um impossível a saber
Leticia Nobre
Teorias sexuais e neurose infantil
M. Lucía Silveyra
Tradução: Paloma Vidal
Nas Peripécias do saber
Joseléa Galvão Ornellas
O a-prender na constituição do sujeito
Leila Neme
A letra da inocência
Ana Maria Portugal Maia Saliba
Como o saber…
Ana Lucia Zacharias
Rossely S. M. Peres
Pontual e evanescente: o sujeito ao saber
Isabela B. Bueno do Prado
Um saber que faz falta
Silvia Gleber Myssior
É possível ensinar o desejo?
Jeanne D’arc Carvalho
Inibição: não saber do não sabido
Arlete Garcia
Inibição: lugar de uma pergunta
Benita Losada Albuquerque Lopes
A inibição no campo do saber segundo Melanie Klein
Nilza Ericson
A criança, o zero e o “insabido” sexual
Sergio Becker
Função do esquecimento na estrutura
Claudia Mayrink
AIDS: prevenção na criança
Gladys A. Días
Tradução: Paloma Vidal
Saber e puberdade
Sofia Sarué
Algumas notas sobre adolescência e toxicomania
Lígia Bittencourt
Ritos de iniciação e saber no real
Cristina Quaglia
Tradução: Paloma Vidal
Saber e conhecimento
Heloisa Costa Godoy
Édipo: saber-verdade-castração
Vera Vinheiro

Parte II – Construções do saber: A clínica

O corpo e a letra: o saber em transferência
Dora Yankelevich
Tradução: Paloma Vidal
O feminino, a feminina… uma questão de fé
Zulmira Barreto de Moraes
A estorinha e seus efeitos de saber
Liliana Fernandez de Galindo
Tradução: Paloma Vidal
Percurso de um olhar
M. Lucía Silveyra
Tradução: Paloma Vidal
A criança e a escrita
Yolanda Mourão Meira
Pulsão e escritura
Dalmara Marques Abla
Os bichos estão soltos: o saber e o medo na fobia
Karla Patrícia Holanda Martins
“Assim: letra a letra” – transferência e saber na análise com crianças
Elisa Oliveira
Uma abertura ao saber
Marcia Jezler Francisco
“Eu já disse que não, não e não…” Da recusa ao saber à constituição do sujeito
Celia Nudelmann
O impossível saber sobre a morte
José Eduardo Marques de Barros
O saber na histérica
Maria Cristina Brandia
Tradução: Paloma Vidal
Regra de três
Ana Augusta W R de Miranda
Luiz Romero de Oliveira
Abertura ao saber: assinatura de uma promissória
Maria Augusta Friche Passos de Rezende
O fantasma da escola: luto em uma criança
Maria E. Elmiger
Tradução: Paloma Vidal
O desejo de saber: sobre as vicissitudes da pulsão epistemofálica na infância
Maria Luisa Siquier
Tradução: Paloma Vidal
A criançaa e o saber
Isabel Goldemberg
Tradução: Teresa da Costa
“Não sei… pergunta para minha mãe”
Rosa Aronowicz
Tradução: Paloma Vidal

Parte III – Interseções
A – Psicanálise e Educação

O saber escolar e o saber da criança: encontros e desencontros
Patrícia Lins e Silva
Saber/saberes – a dúvida como método
Regina Leite Garcia
Infância, memória e saber – considerações à luz da obra de Walter Benjamin
Sonia Kramer
Saber, conhecimento, deficiência
Paula Schurmann
Tradução: Teresa da Costa
Por uma psicanálise possível à surdez
Fátima Geovanini
Saber e conhecimento: hiância e articulações
Iara Maria Machado Barros
Ética da psicanálise: uma contribuição possível para o campo da educação?
Mônica Vasconcellos Soares de Souza

B – Psicanálise e Literatura

Entre Édipo e Hamlet: o saber
Alicia Hartmann
Tradução: Paloma Vidal
James Joyce: a Stepheresia
Bernardina da Silveira Pinheiro
Eduardo A. Vidal
(Con)vocação à escrita em André Gide
Paloma Vidal
A criança Gide e o saber I: da histeria infantil à perversão
Analucia Teixeira Ribeiro
A criança Gide e o saber II: o verdadeiro polichinelo: impossibilidade de saber
Claudia Moraes Rego
Assim eram seus rostos
Silvina Ocampo
Apresentação e tradução…

Apresentação

Esta publicação foi organizada a partir dos trabalhos apresentados no Colóquio A Criança e o Saber*.

O encontro constituiu-se como um lugar de interlocução daqueles interessados na encruzilhada que, para a criança, implica sua relação com o saber. Contou também com a participação de pedagogos e profissionais da área de letras, do Brasil e do exterior, que desejaram debater a questão com a psicanálise. Essa interlocução possibilitou escutar as diferentes formas de abordar o saber que, a partir do advento da psicanálise, tomou outra dimensão: a invenção do inconsciente, enquanto saber articulado, determinado por um limite e pela impossibilidade do sujeito de aceder a ele.

A primeira parte da publicação está destinada a delimitar a especificidade do saber inconsciente na constituição do sujeito. Numa estrutura temporal, própria ao ser falante, o impulso ao saber (wissendräng) é provocado pelo encontro com o enigma da sexualidade, a chamada curiosidade infantil. O pequeno investigador quer saber o porquê da diferença dos sexos ou da origem da vida. E aí confronta-se com a falta que provoca o ponto de horror e marca o paradoxo na relação com o saber.

A clínica psicanalítica (parte II) possibilita, no percurso de uma cura, atravessar esse horror ante o qual o sujeito recua através de seu sintoma ou de sua inibição. A segunda parte da publicação busca transmitir, pela via do escrito, o instante peculiar em que o significante determina o sujeito infantil ante o saber inconsciente, defrontando-se com a presença de um analista que, em função de causa, põe em ato o dispositivo que opera na cura. No ato analítico, produz-se um dizer privilegiado que decorre do trabalho do saber em função de verdade.

A parte III reúne trabalhos que trazem à psicanálise a contribuição de outros campos do saber como a educação ou aqueles que abordam o texto literário. A problemática da criança e o saber fazem interseção com a pedagogia enquanto prevenção e ajuda à atividade educacional. Mas também como lugar onde se apresentam o sintoma e a inibição ao saber, pois é na escola que a criança se confronta com a diferença que implica o apre(e)nder. Contamos, nesta publicação, com uma nova tradução do prefácio de Freud à obra de A. Aichhorn, Juventude Desorientada onde recomenda ao educador introduzir-se no saber inconsciente da criança através da experiência de sua própria análise, abrindo-se como corolário a questão da psicanálise leiga.

Na interseção com o texto literário, os trabalhos versam não por acaso, sobre James Joyce e André Gide. Recordo aqui o comentário feito por Joyce a um amigo: “Uma das coisas com a qual jamais me acostumei em minha juventude era a diferença encontrada entre a vida e a literatura”. Joyce e Gide escreveram sobre suas vidas, causados por seu ponto de real. Suas obras são confissões de gozo que a própria escrita barra e abre à construção de um outro saber. Um “yes” terminal, uma grande behajung, que aponta acima de tudo a uma impossibilidade de saber. Nas palavras de Clarice Lispector: “Vou inventar o que vivi porque viver não é relatável”.

C.M.R.
M.C.V.
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* Este Colóquio foi realizado no Rio de Janeiro nos dias 22,23, e 24 de agosto de 1997. Contou com a participação das seguintes Instituições: Aleph-Psicanálise-Transmissão (Belo Horizonte); Casa Freudiana (Vitória); Clínica Freudiana de Mendoza (Argentina); École de psychanalyse Sigmund Freud (França); Escola de Clínica Psicoanalítica ambs Nens e Adolescents de Barcelona (Espanha); Fundación Mexicana de Psicoanálisis y Centro de Investigaciones y Estúdios Psicoanalíticos (México); Fundación Psicoanalítica Sigmund Freud deTucumán (Argentina); Seminário Lacaniano (B. Aires – Argentina).

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