Quando digo que não há relação sexual, formulo esta verdade: que o sexo não define relação alguma no ser falante
(Lacan, J. …ou pior, p. 13

Ao fundar a psicanálise, Freud indica o sentido como sexual, marcando assim a direção de seu fracasso. No psiquismo não há nada que permita ao sujeito se situar como um ser macho ou um ser fêmea. A verdade é que desde o inconsciente não há relação sexual.
Mas isto, nos alerta Lacan, não quer dizer que a diferença que há desde os primeiros anos, entre o menino e a menina, é negada. Mas diz que esta distinção, dita natural, de se repartir entre 2 sexos, não responde pelo reconhecimento que o ser falante deve realizar. É preciso que cada um rejeite esta distinção fazendo identificações.
Há um erro que sustenta a ideia do natural que é de reconhecer cada indivíduo pela ‘pequena diferença’ e não pelo fato da dependência ao significante. A identificação se faz ao significante, tendo como consequência que o que poderia ser a relação sexual é um conjunto vazio e é isso que permite a emergência de novos significantes com o qual um determinado “eu” (moi) se identifica, como temos visto na atualidade. Os significantes se desdobram em metonímia infindável: LGBTQI+.
O seminário pretende trabalhar as questões levantadas a partir de 2 autobiografias publicadas de sujeitos que se denominam transexuais.

Bibliografia:
LACAN, J. Seminário 18, lições de 20/01, 19/05 e 09/06/71.
________ Seminário 19, lição de 08/12/71.
________ Seminário 20, lições de 13/01 e 20/02/73.
________ Seminário 25, lição de 15/11/77.
Jan Morris, Enigma, história de uma mudança de sexo. Ed. Tinta da china.
João W. Nery, Viagem solitária, Ed. Leya.

Arlete Garcia
Renata Salgado
Rita Martins

Início: 12 de abril de 2023.
Quartas-feiras às 9h (quinzenal)

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