“O sexo, eu já disse, é um dizer, isso vale o que vale, o sexo não define uma relação. É o que eu enunciei formulando que não há relação sexual.”

(Lacan, J. O momento de concluir).

“O sexo é um dizer”, afirmação de Lacan em um momento do seu ensino, é a questão que norteou o trabalho da Escola em 2023. Efeito de um percurso de trabalho que inscreve os impasses de nossa experiência. O sexo como dizer implica, a partir do discurso analítico, articular de modo necessário, a dimensão da causa. O sexo, em outros discursos, dá consistência ao ser: “eu sou…”. O corte da psicanálise não se efetua em contraposição, mas sim na interrogação.

Desde Freud, a psicanálise interroga: o que é o sexo para o ser falante? Qual a diferença entre sexo e sexualidade? A identidade não é suficiente para servir de ancoradouro, porque se passa em um registro que só comporta a existência do outro semelhante. A presença do ser falante no mundo, se sustenta no Outro enquanto lugar de significante. Para a psicanálise, trata-se de identificação e não de identidade, pois a identificação está enlaçada ao registro do significante.

No inconsciente, não há significante que inscreva a diferença entre os sexos. Diz Freud, “Aquilo que constitui a masculinidade ou a feminilidade é uma característica desconhecida que a anatomia não pode apreender.” A sexualidade, intimamente ligada a uma montagem pulsional, se instaura no campo do sujeito pela via da falta. “No sexo, homem e mulher são significantes e, enquanto tais não se acoplam na linguagem estabelecendo diferentes modos de existência. A linguagem determina o enlace de cada um ao significante falo.”

O aforismo lacaniano “não há relação sexual”, contrariamente ao que se poderia supor à primeira vista, é exatamente o que possibilita o encontro sexual e as ligações amorosas. Encontro sexual esse que implica a pergunta sobre o gozo e está ancorado no fantasma.

Ante a impossibilidade de dizer a relação sexual, o dispositivo analítico, determinado pela função de semblant de “a” – não sem a transferência a partir da qual o inconsciente se faz ouvir –, possibilita a interrogação das ficções que a estrutura de linguagem instaura.

Lacan indica: “…meu dizer é que só há inconsciente do dito — isso é um dizer. Como dizer? Aí está a questão: não se pode dizer de qualquer maneira, esse é o problema de quem habita a linguagem, ou seja, o de todos nós.”

Afirmamos com Lacan que não há formação do analista sem o dizer de Freud, que “infere-se da lógica que toma como fonte o discurso do inconsciente. É na medida em que Freud descobriu esse dito que ele ex-siste”.

Abordar essas questões cruciais para a psicanálise foi uma decisão de trabalho em 2023. Esperamos recolher na Jornada de final de ano os produtos deste percurso. Essa é a aposta!

A Escola Letra Freudiana convida a analistas e não analistas, aqueles que se interessem pela sua proposta a vir participar da Jornada “O sexo é um dizer”, a realizar-se nos dias 01 e 02 de dezembro de 2023.

Local do Evento: Hotel Mirador
Rua Tonelero, 338 – Copacabana – RJ
O link da Jornada será enviado por e-mail.

Taxa de Inscrição:

Membros:
Valor único: R$ 450,00.

Participantes:
Valor até 28/11/2023: R$ 280,00.
A partir de 29/11/2023: R$ 300,00.

Estudantes:
Valor único até 28/11/2023: R$ 130,00

Contato: Marli – Secretaria da Escola Letra Freudiana – Cel./WhatsApp: (21) 98486-4588 – Tel: (21) 2522-3877;
Rua Barão de Jaguaripe, 231, Ipanema, RJ – Cep: 22421-000
www.escolaletrafreudiana.com.br

 

María José Estevez Acuña
Campo da Extensão
Colegiado da Escola Letra Freudiana

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