Sumário
O lugar da criança no discurso analítico
Maria Cristina Vecino Vidal
A estrutura da transferência na psicanálise com crianças
Myriam R. Fernández
As entrevistas preliminares na psicanálise com uma criança
Myriam R. Fernández
O estatuto do objeto na psicanálise
Cora Vieira
Questões sobre o brincar
Maria Cristina Vecino Vidal
A interpretação e o ato na psicanálise com crianças
Beatriz Siqueira
Sofia Sarué
Vera Vinheiro
O despertar da primavera… um tempo lógico
Arlete Garcia Lopes
Sofia Sarué
Final de análise com crianças
Cora Vieira
A adolescência e o tornar-se desejante
Arlete Garcia Lopes
Sofia Sarué
Um caso de término de análise com criança
Beatriz Siqueira
Vera Vinheiro
Sobre o fantasma
Eduardo A Vidal
Apresentação
Nossos estudos e transmissão de psicanálise com crianças e adolescentes foram sustentados por María Cristina Vidal, inicialmente com Nilza Ericson e nesses últimos anos com Cora Vieira e grupos de trabalho constituídos em torno de temas e questões essenciais à teoria e à prática, que deram origem ao que se consolidou como Grupo de Trabalho Han$.
Desde 1985, de forma sistemática e contínua, faz-se um percurso que passou por Melanie Klein, Arminda Aberatury, Winnicott, Françoise Dolto, Maud Manonni, Rosine e Robert Lefort. Procurou-se marcar de cada um, em seus casos, na sua clínica, a posição do analista na direção da cura, o objeto em questão e o fim de análise proposto pela teoria. Evidenciaram-se as contribuições, os impasses, os paradoxos com todas as articulações, tendo por base Freud e Lacan.
Foi trabalhado o caso Hans de Freud, que permitiu várias leituras em que se podem ter, como fio condutor, as questões sobre a função paterna, o objeto fóbico como significante e o falo como aquele que jamais deixou Hans só com sua mãe, como comenta Lacan no seminário IV a respeito do sonho de Hans com a pequena Matilde: “Não somente sozinho, mas sozinho com…”
Freud fazendo valer em sua direção, no caso Hans, uma verdadeira decantação do gozo, o gozo que a fobia fixava, cristalizava e nessa linha restaura o movimento, o sintoma segue seu rumo até o declínio da fobia. Arruma-se a estrutura. Leitura fina de Lacan sobre o caso Hans em seu seminário sobre as Relações de Objeto.
Em 1987 fez-se um trabalho em torno das teorias sobre o autismo, revisando-se diversos teóricos como: Leo Kanner, Margareth Mahler, Francis Tustin, Donald Meltzer, Bruno Bettelhein, tendo-se sempre presente uma polaridade com a psicose e a neurose. Trabalhou-se, nessa época, diretamente Lacan no Estádio do Espelho, no Modelo Ótico e os textos onde Lacan remete a criança ao fantasma da mãe e artibui a seu sintoma uma resposta ao que há de sintomático na estrutura familiar: a criança, com o seu sintoma, aponta ao não dito da relação parental. É justamente o que trata as célebres Notas de Lacan à Jenny Aubry e o Discurso de Fechamento das Jornadas de Psicanálise sobre Psicose Infantil, promovidas por Maud Manonni. Produz-se então um trabalho: O autismo, a ser brevemente publicado. […]