Lugar

 

 

 

“O passado são ruínas”.

“É um retorno de uma pessoa a sua cidade natal, Cataguases. Ele vai tentar encontrar o passado… o passado não existe… porque o passado é uma reconstrução. O que ele encontra é o presente. Não fala de política, mas fala de política… é um olhar de desolação em relação à cidade”.

 

Em “O verão tardio”, Ruffato disseca o distanciamento e o esgarçamento dos laços entre os componentes de uma família. Um dos personagens chega a afirmar que se tornaram “planetas errantes”: “de vez em quando nossas trajetórias se cruzam, quase nos destruímos”.

 

“Quem não reflete sobre o seu passado, não vive o seu presente e não tem nenhuma perspectiva de seu futuro”.

 

Com sua literatura, mesclando realismo, prosa e poesia, Ruffato traz como protagonista da narrativa o trabalhador urbano, anônimo, invisível. Uma narrativa fragmentada que dá forma a uma verdade que se impõe por manter-se subterrânea. Os entornos, o próprio tecido da cidade, representados desde “Eles eram muitos cavalos”.

 

Em “O inferno provisório”, os personagens se perguntam: “o que teria sido de nós se tivéssemos feito outra opção e tomado outro caminho?”.

 

Cataguases pode ser qualquer cidade em qualquer tempo. Uma aposta, uma literatura que transcenda seu tempo e seu lugar, e que possa alçar vôos e transpor fronteiras.

 

Até lá!

 

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