Mal-estar na cultura, mal-estar na estrutura

Em todo caso […] a Psicanálise faz parte deste mal-estar na cultura

Lacan, J.

Propomos seguir o texto de Freud de 1930, “O mal-estar da cultura” naquilo que ele pode descortinar o mal-estar da estrutura. Ele é de estrutura e não há como dele escapar. A estrutura advém do modo como o sujeito lida com a falta do Outro e institui mecanismos frente a essa falta, ou completando essa falha com a construção de um fantasma, resultado do recalque na neurose, ou tapando a falha, como no desmentido da perversão, ou forcluindo-a, como na psicose. Esses mecanismos fracassam em algum momento, fazendo surgir o retorno do recalcado ou do forcluído e a eclosão da angústia. É aí que o mal-estar se situa. Freud nos mostra que há algo que é da essência do sujeito, onde reside a não-toda satisfação como estrutural, animando o indomável que pulsa na estrutura. Lacan formula o objeto a, nome da falta estrutural, resto da operação de subjetivação, que, articulando-se na fantasia, apresenta a estrutura do desejo e sendo o que se “apreende na junção do simbólico, do imaginário e do real, como nó”, sustenta a dimensão do desejo enquanto causa. A partir dos textos de Freud e de Lacan, abordamos o modo particular da psicanálise lidar com as falhas, as faltas, não no sentido de acabar com elas ou ignorá-las, mas justamente como um vir a saber da falta estrutural do ser falante.

 

Roseane Freitas Nicolau

Início: 07 de março.
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