A escrita matêmica de Lacan
O significante ‘matema’, que se faz presente na escrita da psicanálise na obra de Lacan, quer seja de maneira formalizada, algébrica, ou topológica, tem seus fundamentos na matemática.
Com o firme propósito de diferenciar a psicanálise do saber universitário Lacan dá ao inefável o tratamento através da escrita do matema, palavra que ele utiliza pela primeira vez em 1971.1
No ano seguinte, no seminário Encore, Lacan, enuncia a necessidade de uma escrita que sustente o discurso analítico uma vez que não poderia fazê-lo em referência ao discurso do Mestre. E, mesmo considerando a incompletude, aponta a formalização matemática – o ‘matema’ – como ideal para a transmissão: “A formalização matemática é nosso objetivo, nosso ideal, porque só ela é ‘matema’, ou seja, é capaz de se transmitir integralmente. A formalização matemática é ‘escrito’.” (LACAN, 2010, p. 241). No entanto, sabemos que, para além da formalização matemática baseada em Bourbaki2, ele considerou retroativamente, também sua álgebra um matema, assim como, sua escrita topológica. (Cf. Aturdito).
Nosso propósito, então, é atravessar a obra de Lacan pela escrita matêmica da psicanálise, levantando os campos da matemática dos quais ele lançou mão para fazer valer sua transmissão e seu ensino, quer seja a formalização matemática, a lógica, a aritmética, a análise, a geometria e a topologia.
No primeiro semestre de 2021, propomos construir uma relação entre o que Freud traz sobre a fantasia em seu texto “Bate-se numa criança” e a escrita do fantasma pelo plano projetivo. Concomitantemente, retomaremos a incompletude do simbólico pelo teorema de Gödel e trabalharemos o conceito de espaço a partir da geometria projetiva.
Marisa S. Guimarães
Tatiana Porto Campos
Início: 12 de março
Sextas-feiras às 11h (quinzenal)
1.O Saber do Psicanalista.
2.Nicolas Bourbaki é o pseudônimo de um grupo de matemáticos que foi fundado na França em 1934.