A memória é um tema que atravessa tudo o que eu faço.”
— Flávia Castro

Lugar convida a diretora e roteirista brasileira Flávia Castro para uma conversa sobre o seu trabalho.
Flávia apresentou, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de outubro, e logo na Mostra Internacional de São Paulo, o seu filme As Vitrines (2024), completando assim uma trilogia em torno da memória — tema que, como sabemos, também interroga a psicanálise.

Reconhecida pelo documentário Diário de uma Busca (2010), exibido em diversos festivais nacionais e internacionais, Flávia Castro deu continuidade a esse percurso com o longa-metragem Deslembro (2018), que estreou no Festival de Veneza, seguiu para Biarritz e recebeu o voto do público no Festival do Rio.

Ambientado no Chile de 1973, logo após o golpe militar de Augusto Pinochet, As Vitrines retrata um momento de muita tensão, mas também de certa esperança — trazida através do olhar de duas crianças. Diante das circunstâncias perigosas, a embaixada da Argentina em Santiago torna-se um dos poucos refúgios seguros para centenas de militantes latino-americanos de esquerda à espera de um visto de saída do país.

É nesse espaço de confinamento e expectativa que Pedro, de doze anos, e Ana, de onze, se conhecem. Filhos de ativistas políticos brasileiros exilados, ambos cresceram acostumados à vida improvisada e transitória imposta pelas contínuas perseguições próprias do tempo da irrupção das ditaduras.

Entre corredores, jardins e janelas transformadas em pequenas “vitrines”, as crianças exploram o mundo ao redor e constroem, à sua maneira, uma memória da infância — feita de descobertas, afetos e silêncios — em meio à tensão política e ao exílio.

Em diálogo com a psicanálise, o cinema de Flávia Castro toca a experiência do exílio, a transmissão entre gerações e a memória como forma de resistência e de luta política.

Esperamos vocês no Lugar.

Quarta-feira, 12/11/2025, às 20h30, no Espaço da Casa e também via Zoom.