Autismo e psicose no tempo da infância: articulações com a pulsão invocante e a voz

Dando sequência aos nossos estudos e pesquisas sobre a pulsão invocante e o objeto a voz no tempo da infância, em 2018 vamos privilegiar o estudo da psicose.

Continuaremos a trabalhar algumas das seguintes questões:

1. É possível sustentar teoricamente que a voz é o primeiro objeto da pulsão?
2. Autismo e psicose: duas apresentações clínicas de uma mesma “estrutura”?
3. A direção da cura a partir das seguintes hipóteses:
– a não constituição do objeto a voz no autismo;
– o objeto a que o psicótico tem no bolso, como disse Lacan;
– os modos de que o neurótico dispõe para lidar com o objeto a voz: gagueira, afonia, mutismo eletivo, etc;
4. Função da arte – música e poesia – na constituição do sujeito, na direção da cura e no final de análise.

Ao contrário do autista, que recusa a voz como modo de defesa; ao contrário do psicótico, que é invadido por uma voz toda; ao contrário do neurótico que é escravo do imperativo de gozo das vozes do supereu, o poeta tem uma peneira nos ouvidos. Por ela passa a água das palavras mas apenas alguns grãos de voz são retidos. O poeta é bem sucedido em ensurdecer para quase todas as palavras que lhe chegam do campo da linguagem como chuva, exceto algumas, que expõe, faz renascer. O poeta, de certo modo, alucina. Alucina novos sentidos, novos sem sentidos. O poeta goza do sem sentido.

O final de uma análise implica um novo tratamento da voz do supereu, uma vez que ela nunca termina, o supereu está aí por estrutura, apontando o ideal e exigindo o gozo mortífero. Um final de análise que não faça o sujeito mergulhar na melancolia, só é possível pela via do prazer, não sem algo de gozo, do gozo que por estrutura o sujeito conhece. De todo modo, após os giros de uma análise, mesmo este gozo, o sujeito o aborda de modo avisado.

 

Inês Catão
Início: 5 de março.
1ª e 3ª segunda-feira às 21h
(61) 99221-4155 – Brasília – DF
cataoines@gmail.com