O inconsciente é única qualidade dominante no Isso… Originalmente, por certo, tudo era Isso. Freud. “Compêndio de Psicanálise”.

O inconsciente é estruturado ‘como’ uma linguagem, eu não disse ‘pela’… Assim, a referência pela qual situo o inconsciente é justamente aquela que escapa à linguística… Lacan. “O aturdito”.

 

Originalmente escutado por Freud, que o localiza nas formulações conhecidas como primeira e segunda tópicas, o inconsciente é a razão de existência da psicanálise, o que de melhor foi inventado para tratar do mal-estar na cultura.

Aproximar-se ao inconsciente não se faz senão pela via das suas formações. Os sonhos, sintomas, atos falhos e chistes são seus índices, posto que inalcançável devido ao recalque originário que o funda. Se estas formações realizam o desejo inconsciente, o que dele pode ser sabido já se defronta com o limite anunciado como o umbigo do sonho, nome freudiano do Real.

O inconsciente estruturado como se fosse uma linguagem, formulação fundante no ensino lacaniano, parte de um retorno à Freud, o qual já apresentava a ideia de uma escrita psíquica, presente desde a carta 52 e os escritos sobre a ciência dos sonhos. Em Freud, tal escrita coexiste com a concepção de um inconsciente formado por representações recalcadas.

O inconsciente enquanto discurso do Outro, o inconsciente em suas dimensões imaginária, simbólica e real, bem como sua localização na escrita do nó borromeu, são pontos que poderiam interrogar sobre a continuidade e/ou ruptura entre o inconsciente freudiano e as elaborações lacanianas.

A convicção do inconsciente advém da própria experiência analítica, o fundamento na formação de um analista e orientação desse percurso.

 

Francisco José Bezerra Santos
Fortaleza/CE – Terças-feiras às 20h (semanal)